Monday, August 20, 2007

Infinito Delimitado


Sempre dois

Ambiguidade que não cessa

Uma alma feita para infinito

Em um corpo transitório, falível.


Eterno drama do bicho homem

Vôo sem asas

Dura condição do ser

Condenado a abrigar em si o infinto.


Sonhar com o impossível

E ser limitado pelo necessário

Resignar OU
Revoltar-se,

Negar sua humanidade:

Melhor viver enganado a ser prisioneiro de si mesmo.

Friday, April 20, 2007

A grama é barro em todo lugar


Não me lembro se minha mãe ou minha avó que sempre dizia que "a grama do terreno do vizinho sempre parece mais verde, seja para o bem, seja para o mal". Confesso que acho engraçado o fato dos noticiários brasileiros darem tanta ênfase ao massacre ocorrido em uma Universidade na Virgina, enquanto no país que moramos tal acontecimento ocorre diuturnamente.


Se nos EUA tal ato ocorre uma vez por ano, a "banalização do mal" daqui tem seus relatos diários. Por enquanto não aconteceu ainda de um único estudante ingressar em uma escola e sair disparando tiros, em compensação temos o caso do estudante de medicina que ingressou em um cinema matando e ferindo vários; temos a polícia invadindo favelas e deixando seu rastro de sangue e desrespeito ao cidadão; temos gangues rivais invadindo morros vizinhos e dizimando os "adversários"; temos assaltos banais, rotineiros e impunes, nos quais a vítima morre sem nem mesmo entendender que estava sendo roubada; temos quadrilhas estruturadas e espalhadas por todos os cantos do poder, a disseminar a corrupção e a violência; enfim...


Devemos parar de preocupar com a "grama verde do vizinho" e olhar para a realidade do nosso país, pois o fato de um estudante ter matado vários outros nos EUA não nos faz menos violentos ou mais civilizados!

Wednesday, March 28, 2007

Sem títulos, abreviações ou coisas que resumam


No meu "Tratado de Grandezas do Ínfimo" haveria somente uma frase:


Sou assim, sem meio nem fim ... sempre em busca de um recomeço ...



Por hoje é só, estou minimalista.

Sunday, March 11, 2007

Estado ou "estado"?


Confesso que não sou muito fã da Revista "Veja", a despeito de ser assinante, mas a edição que acabou de chegar (11.03.2007) me deixou surpresa e, ao mesmo tempo, feliz.


Na sessão "Carta ao leitor" a Revista decidiu que não mais vai grafar a palavra "Estado" com letra maiúscula. Informa que se outros conceitos tão importantes quanto o de "estado" são grafados com letra minúscula, razão não haveria em somente "estado" ser tratado como o grande "Leviatã", enquanto a grande massa se vê desprotegida e cada vez grafada com uma letra mais minúscula ainda.


Até mesmo no grande "Estado-Leviatã" concebido pela teoria hobbesiana, os súditos só devem obediência e respeito ao soberano se este proteger suas vidas, caso contrário, o pacto se quebra e a não obediência deixa de ser considerada uma "injustiça".


Para Hobbes o soberano não precisa ser "justo", não deve respeito a propriedade privada, não é signatário do pacto social, não precisa garantir liberdade nem igualdade (que segundo o mesmo autor, são conceitos puramente retóricos), um dos únicos deveres do soberano para com o súdito é de garantir-lhe a vida, razão pela qual o pacto social foi feito, pois se isto não for garantido é melhor voltar para o "estado de natureza", no qual "tudo é permitido", mas a vida é constantemente ameaçada.


A Revista Veja, ao que parece, resolveu iniciar um movimento de resistência contra os abusos do "estado-Leviatã-Brasil". A solução do semanário parece ser simples, contudo, é de grande valia para que repensemos a razão pela qual o "estado" existe.


A teoria de Hobbes hoje se mostra ultrapassada em quase todos os pontos (servindo mais como objeto de estudo do que prático), entretanto, serve para nos mostrar que até mesmo em um "estado-do-medo-e-da-sujeição" há espaço para preservação da vida!

Thursday, February 15, 2007

Vita


Os olhos de mãe fitavam o infinito. A dor que até outrora era moradora distante retornou com uma intensidade nunca sentida. Ainda era possível ouvir no vento o choro doído do filho que lhe fora tomado de modo tão brutal.


Parada e atônita sentia cada pedaço de si se despedaçando juntamente com os do filho. O cinto, que era de segurança, foi o objeto detonador de seu sofrimento. A brutalidade dos algozes de seu rebento era algo somente pensado em filmes do tipo suspense.


O que sente esta mãe? Nunca saberemos ao certo, mas podemos imaginar. Não deve ser fácil assistir o filho sendo arrastado por treze ruas, desfazendo-se pedaço por pedaço e não poder fazer nada senão gritar silente sua dor.


Em que pese meu respeito pelo Direito Penal e minha luta diária para ensinar a meus alunos a verem no criminoso um ser humano merecedor de respeito e cuidados, confesso, como mãe (e não como professora de Direito Penal) que para tal crime não há capitulação! A única pena que consigo entender como legítima para este crime é aplicar a "lei de Talião". Chego a triste conclusão de que para alguns tipos de pessoas os valores foram de tal forma soterrados que não há como encontrá-los novamente.

Tuesday, February 13, 2007

Nômades e apócrifos


Escrevo para crer

Escrevo para descrever

Escrevo para não sofrer

Escrevo para deixar de temer.


Escrevo para me enternecer

Escrevo para renascer

Escrevo para não me entristecer

Escrevo para não me perder.


Escrevo para ser

Escrevo para me ver

Escrevo para não morrer.


Escrevo para me conhecer

Escrevo para me ter

Enfim, escrevo por escrever...

Friday, February 02, 2007

Para algumas coisas, títulos, especificações e conceitos são meros rótulos...melhor deixar como substituto meu sinal gráfico favorito (...)


"Eu quero te dar mais do que o coração
Do que as notas e as palavras da canção
Quero delicadamente arrebentar
Toda lei do mundo e sua lógica.
Te dar de presente o que eu não tenho
O que eu não trouxe, de onde eu venho
Te dar um verão no meio de abril
As águas do rio nas margens do não.
Eu quero te dar mais do que mero amor
Quero mais do que quero e quero o que for
Pois se for será mais do que sei querer
Mais do que sabemos dar e receber.
Quero te dar mais do que vemos
Mais do que o eterno e do que o tempo
A neve que está no topo
Na beira do mar.
Quero te dar mais do que infinito azul
Mais do que é bonito e tem mais luz
Mais do que é mais do que é muito mais
Mais do que tudo do que o Deus dos deuses faz.
Quero te ofertar este momento
Mais do que o meu canto e meu silêncio
Quero me dar, e se quiseres me receber
Então o sol vai nascer no chão
O mar bater no céu da tua mão.
Querer me dar será querer que você se dê
Sem medo de ser e ter.
Sem não" .
(Lô Borges)

Ouvi esta música hoje e lembrei de tanta coisa boa! Resolvi postar e compartilhar... Let it be!

Wednesday, January 31, 2007

S A J





Chego a este final de janeiro extremamente cansada – trabalhei feito “gente grande”-, mas, ao mesmo tempo, muito feliz (tirando o fato de minha amiga querer ir embora daqui).
Hoje quero usar este “espaço” (engraçado o quanto a noção de “espaço” modificou nas últimas duas décadas, mas este não é o assunto agora ... continuando ...) para agradecer algumas pessoas que me são muito caras. Umas já estão no meu coração tem tempo, outras, de mansinho, foram chegando e tomaram seu espaço...
Decidi falar de cada uma de forma sucinta e EM ORDEM ALFABÉTICA, assim evito problemas futuros (rsrs).
BÁRBARA – obrigada pelo apoio logístico e pelo sorriso tímido;
CORINA – jeito doce de menina e maturidade para conversar sobre os mais diversos assuntos, já mora no meu coração tem tempo... Foi uma das minhas “contratadas” para fazer lobby para arrumar minhas primeiras aulas (rsrsrs).
DEISE “JULLY” – esta eu conheci nas audiências da conciliação (naquele tempo ainda me chamava de doutora –rs). Eita menina porreta! Petição dela não tem erro, é só passar o olho e mandar imprimir!
FERNANDA – outra residente antiga, conheci ainda usava uniforme da Cruz Vermelha, agora subiu em cima de um salto e ninguém mais dá conta do seu cabelão “loiro e liso”. Finge que não é crítica, mas é a aluna mais aplicada da Leiloca! Perdoe não ter colocado a foto que vc. tá, mas tava todo mundo com cara de velório! rsrs
GISELLE – primeiro conheci o “patrão”, mas depois que conheci a “patroa”, confesso que tenho dúvidas qual dos dois é o “mais, mais”! Menina alegre, competente e sempre disposta ao trabalho!
IVAN GABRIEL – este é para mim uma incógnita, se ouvi a voz dele mais de duas vezes, foi por ter me esforçado, mas não é por isto que vou dizer que ele não é “do bem”, só é tímido.
LEILA – é a figura mais figura que já conheci! Crítica? Não, bobagem! Inteligente? Mais do que deveria! Memória de “elefante”? Brincadeira! Sabe a roupa que a Viúva Porcina usou no 131° capítulo de Roque Santeiro! Esta tem cadeira cativa no meu coração (além de ter me ajudado a arrumar minhas primeiras aulas também).
LIDIANE – fala que parece que está sussurrando; delicada e gentil como só ela sabe ser, mas isto não impede que ela seja forte e decidida quando o assunto é trabalho (em tudo que foi audiência, desde o semestre passado, é esta que me acompanha).
RÉGIS – outro que tem tempo que conheço (e confesso que quanto mais conheço mais gosto – tirando a “encoxada”, claro – rsrs). Me fez trabalhar feito uma condenada em janeiro (não me dava folga nem pra um cigarro), mas sempre carinhoso e gentil (falava com tanto cuidado que eu nem sentia que estava me “mandando” – rsrs). Cuidado com as moças noivas heim!
RICARDO – custou a achar que eu merecia um sorriso, mas quando “ganhei” sua confiança, os sorrisos tornaram-se fáceis e verdadeiros. Só sabe fazer pergunta difícil (eu inclusive tenho a séria suspeita que ele ficava em casa estudando só para me colocar contra a parede no outro dia)...Execução por artigos????????? Quem faz isto????
WADERSON – tímido e sempre “na dele”, mas gentil e cuidadoso com seu trabalho e com todos que o cercam. Você vai longe (pode acreditar nisto!) e como diria um amigo querido “Deus quer, só basta você também querer”.

Falei um pouquinho de todos, pois esta é a forma que tenho para agradecer o cuidado, o carinho, a atenção e a disponibilidade que todos me dedicaram neste mês de tanto trabalho. E se tenho tantos atributos quanto vocês disseram, saibam que só sou assim por ver em vocês qualidades idênticas. Fui com vocês o que vocês foram comigo! Trabalhar com pessoas tão ÚNICAS é a melhor remuneração que poderia receber! A melhor coisa do mundo é me sentir amada e é assim que me sinto quando estou perto de vocês! Contem sempre comigo e mais uma vez obrigada por tudo!

Quanto ao resto ... ainda vou ter uma conversa com o “Big Boss” ... rsrs

Monday, January 29, 2007

Nome, sobrenome Saudade

Saudade é palavra que não tem tradução
Agonia corroendo cada pedaço de mim
Recuso a aceitar sua partida
Amiga querida, sem você sou soneto sem fim.

Choro sua anunciada ausência
Acho que nunca me preparei
Para que saísse da minha vida
Um dia quem sabe consiga aceitar
Contudo, acho difícil
Hoje só consigo mesmo é reclamar
Oh dor desmedida!

Tantos risos juntas
Oxalá!
Nada no mundo me fará te esquecer
Ofereço a você minha amizade eterna
Não se esqueça: te amo como amiga, irmã e filha.

Saturday, January 27, 2007

Tributo a um jovem senhor que virou estrela




Hoje morreu o pai de uma das minhas melhores amigas e por indisponibilidade de tempo não poderei estar com ela neste momento (Sara te amo e estou com você sempre, ainda que distante!)
A morte é um evento que nunca me assustou, tomara que demore, mas sempre me considero preparada para ela, o que me assusta mesmo é a vida: a que vivemos e a que deixamos de viver. Estamos sempre muito ocupados e preocupados com o tempo que não volta mais, com as oportunidades que perdemos, com as viagens que não fizemos e esquecemos do que ainda há por vir.
Ítalo, pai da minha amiga Sara, não se preocupava demais com o que já havia passado, ao contrário, estava sempre com os olhos voltados para o futuro. Forte, inteligente, talentoso, gentil - do modo que sabia ser - e cheio de planos para o futuro, mesmo quando o futuro se mostrou curto e incerto, soube morrer com a sabedoria e a decência dos bravos.

Enquanto muitos se agarrariam em tristeza e melancolia ele deixou-nos um exemplo de serenidade e resignação, mas, contudo, sem nunca se sentir derrotado pela doença que lhe consumia a vida aos poucos.

Nesta vida estamos todos morrendo, a cada dia morremos um pouco e por isso pensar demais no que deveria ter sido e não foi acaba sendo uma perda de tempo sem nenhum propósito. É melhor viver a vida hoje e agora ... única coisa para a qual a emergência realmente tem alguma valia. As noites que não saí, os sorvetes que não tomei, as praças que não visitei devem fazer parte do meu futuro e não do meu passado...esta é a vida que este jovem senhor que virou estrela viveu e ensinou às suas filhas e a que eu quero morrer aprendendo...