Thursday, February 15, 2007

Vita


Os olhos de mãe fitavam o infinito. A dor que até outrora era moradora distante retornou com uma intensidade nunca sentida. Ainda era possível ouvir no vento o choro doído do filho que lhe fora tomado de modo tão brutal.


Parada e atônita sentia cada pedaço de si se despedaçando juntamente com os do filho. O cinto, que era de segurança, foi o objeto detonador de seu sofrimento. A brutalidade dos algozes de seu rebento era algo somente pensado em filmes do tipo suspense.


O que sente esta mãe? Nunca saberemos ao certo, mas podemos imaginar. Não deve ser fácil assistir o filho sendo arrastado por treze ruas, desfazendo-se pedaço por pedaço e não poder fazer nada senão gritar silente sua dor.


Em que pese meu respeito pelo Direito Penal e minha luta diária para ensinar a meus alunos a verem no criminoso um ser humano merecedor de respeito e cuidados, confesso, como mãe (e não como professora de Direito Penal) que para tal crime não há capitulação! A única pena que consigo entender como legítima para este crime é aplicar a "lei de Talião". Chego a triste conclusão de que para alguns tipos de pessoas os valores foram de tal forma soterrados que não há como encontrá-los novamente.

Tuesday, February 13, 2007

Nômades e apócrifos


Escrevo para crer

Escrevo para descrever

Escrevo para não sofrer

Escrevo para deixar de temer.


Escrevo para me enternecer

Escrevo para renascer

Escrevo para não me entristecer

Escrevo para não me perder.


Escrevo para ser

Escrevo para me ver

Escrevo para não morrer.


Escrevo para me conhecer

Escrevo para me ter

Enfim, escrevo por escrever...

Friday, February 02, 2007

Para algumas coisas, títulos, especificações e conceitos são meros rótulos...melhor deixar como substituto meu sinal gráfico favorito (...)


"Eu quero te dar mais do que o coração
Do que as notas e as palavras da canção
Quero delicadamente arrebentar
Toda lei do mundo e sua lógica.
Te dar de presente o que eu não tenho
O que eu não trouxe, de onde eu venho
Te dar um verão no meio de abril
As águas do rio nas margens do não.
Eu quero te dar mais do que mero amor
Quero mais do que quero e quero o que for
Pois se for será mais do que sei querer
Mais do que sabemos dar e receber.
Quero te dar mais do que vemos
Mais do que o eterno e do que o tempo
A neve que está no topo
Na beira do mar.
Quero te dar mais do que infinito azul
Mais do que é bonito e tem mais luz
Mais do que é mais do que é muito mais
Mais do que tudo do que o Deus dos deuses faz.
Quero te ofertar este momento
Mais do que o meu canto e meu silêncio
Quero me dar, e se quiseres me receber
Então o sol vai nascer no chão
O mar bater no céu da tua mão.
Querer me dar será querer que você se dê
Sem medo de ser e ter.
Sem não" .
(Lô Borges)

Ouvi esta música hoje e lembrei de tanta coisa boa! Resolvi postar e compartilhar... Let it be!