Os olhos de mãe fitavam o infinito. A dor que até outrora era moradora distante retornou com uma intensidade nunca sentida. Ainda era possível ouvir no vento o choro doído do filho que lhe fora tomado de modo tão brutal.
Parada e atônita sentia cada pedaço de si se despedaçando juntamente com os do filho. O cinto, que era de segurança, foi o objeto detonador de seu sofrimento. A brutalidade dos algozes de seu rebento era algo somente pensado em filmes do tipo suspense.
O que sente esta mãe? Nunca saberemos ao certo, mas podemos imaginar. Não deve ser fácil assistir o filho sendo arrastado por treze ruas, desfazendo-se pedaço por pedaço e não poder fazer nada senão gritar silente sua dor.
Em que pese meu respeito pelo Direito Penal e minha luta diária para ensinar a meus alunos a verem no criminoso um ser humano merecedor de respeito e cuidados, confesso, como mãe (e não como professora de Direito Penal) que para tal crime não há capitulação! A única pena que consigo entender como legítima para este crime é aplicar a "lei de Talião". Chego a triste conclusão de que para alguns tipos de pessoas os valores foram de tal forma soterrados que não há como encontrá-los novamente.