Thursday, February 15, 2007

Vita


Os olhos de mãe fitavam o infinito. A dor que até outrora era moradora distante retornou com uma intensidade nunca sentida. Ainda era possível ouvir no vento o choro doído do filho que lhe fora tomado de modo tão brutal.


Parada e atônita sentia cada pedaço de si se despedaçando juntamente com os do filho. O cinto, que era de segurança, foi o objeto detonador de seu sofrimento. A brutalidade dos algozes de seu rebento era algo somente pensado em filmes do tipo suspense.


O que sente esta mãe? Nunca saberemos ao certo, mas podemos imaginar. Não deve ser fácil assistir o filho sendo arrastado por treze ruas, desfazendo-se pedaço por pedaço e não poder fazer nada senão gritar silente sua dor.


Em que pese meu respeito pelo Direito Penal e minha luta diária para ensinar a meus alunos a verem no criminoso um ser humano merecedor de respeito e cuidados, confesso, como mãe (e não como professora de Direito Penal) que para tal crime não há capitulação! A única pena que consigo entender como legítima para este crime é aplicar a "lei de Talião". Chego a triste conclusão de que para alguns tipos de pessoas os valores foram de tal forma soterrados que não há como encontrá-los novamente.

9 comments:

Anonymous said...

Perfeito. Lúcido, sem maniqueísmos fáceis, sem histrionismo.
Perfeito.
É bom te ler.
Muito bom.

Anonymous said...

Ju,
Falar de vc é tão dificil não por falta palavras, mais sim por medo de esquecer alguma coisa...
To muito triste por Sara ter ido embora mais ao mesmo tempo fico aliviada por ter me deixado uma pessoa maravilhosa( Adivinha quem é?kkk
Você claro...).
Qero que saiba que estarei ao seu a qualquer momento,hora e lugar basta você me ligar ou ate me da um grito bem GRANDEEEEEEEEEE..
BJOS ..ADORO SEU BLOG

Anonymous said...

Obrigada pela visita no meu humilde espaço,vim retribuir sua gentileza. Foi muito bom ler seu texto tão sincero e lúcido(como observou bem nosso amigo poeta).Muito bem escrito!
É Juciara, esse fato nos faz refletir sobre muitas coisas...até que ponto a humanidade chegou por conta dessa troca de valores.A maldade em doses menores se manifestam todos os dias, mas só uma assim, estupidamente perversa, para nos fazer refletir e pensar que ainda somos humanos. Realmente lastimável. Um grande beijo.

Marco Aurélio said...

Eu e meus alunos vamos fazer uma manifestação (depois explico) aproveitando o clima de comoção criado por esse fato.

Anonymous said...

Gosteeeeeeei hein!
cachaça carai!!

hahaha
bjão!!!


Biel

Anonymous said...

Juraciara,
Recebi teu comentário, sempre bem-vindo. Gostei de saber como chegou atá a mim. Uma beleza essa net, não é verdade? Bem, não ando sumido, estou sempre vindo aqui em busca de novos textos. Você precisa nos presentear com novos!
Muito obrigado por tua amabilidade e generosidade.
Um abraço para você e os seus.

Anonymous said...

Ju;


Confesso meu receio em discutir questões com estas em momentos como estes. De fato é lamentável o que aconteceu,sem dúvida alguma uma barbárie. Mas tenho muito medo dessa coisa toda: "vamos reduzir a menoridade penal!!!!" Vamos aumentar as penas e reduzir as garantias!!!" "Que absurdo, responder em liberdade..."

Essa inversão toda é muito perigosa. As pessoas começam a achar que as garantias constitucionais só servem para proteger bandido e sabemos que não é bem assim.

Que se puna, que se prenda, mas não nos esqueçamos que a responsabilidade é de todos nós. somos responsáveis pelos meninos nos semáforos, pelas meninas vendidas por seus pais no interior do norte e nordeste, pelas filas enormes nos postos de saúde, pelo estado deplorável das escolas públicas,enfim, acho que devemos nos indignar com tudo isso, nos movimentar, pressionar e não ficar aguardando que morra algúem digno do espetáculo televisivo para que nos revoltemos.

Mas, parabéns pelo texto porque me fez pensar.


um abraço


Leila

Anonymous said...

Juraciara,
Minhas felicitações pelo Dia Internacional das Mulheres.
Um beijo afetuoso, minha querida amiga.

Marco Aurélio said...

Não vai fazer novas postagens!?

Bjs