
Novamente Deus é "bola da vez". Na Idade Média Ele justificava a necessidade da fogueira, do esbulho e da opressão, nos tempos atuais, passou a justificar o que eu considero a mais profunda barbárie: a guerra.
Eu não acredito nos jornais! Precisava ver de perto, aliás, sentir de perto, para, assim, constituir alguma propriedade em meu falar. Como não posso, fico aqui filtrando o que me chega e tentando entender o ininteligível.
O Holocausto, não sei por quais razões, eis que não tenho parentesco algum com os judeus, sempre foi algo que me incomodou. Desde o momento que tomei conhecimento daquelas atrocidades, nunca mais me vi possibilitada de ignorá-las. Sempre que me perguntam sobre algo comovente, que me faz parar para pensar, o holocausto (com letra minúscula mesmo), é a primeira coisa que vem a cabeça: eu não consigo acreditar que tudo aquilo aconteceu e NINGUÉM fez absolutamente nada!
Chego a infeliz conclusão que as pessoas que viveram naqueles tempos não se davam conta do horror e, assim, continuavam suas vidas como nada houvesse de estranho ou impróprio. E o mais terrível é que estou quase admitindo que estamos vivendo uma fase bem parecida, só que, como estamos inseridos no contexto histórico, não temos habilidade para ver e, assim, fazer parar antes que a geração futura nos olhe como eu olho para a passada: como passivos que só se preocupavam consigo.
Israelenses estão dizimando Palestinos et al e, em contrapartida, Palestinos et al estão dizimando Israelenses - a única novidade aqui em relação ao holocausto é a bilateralidade...
Hitler queria uma raça ariana, pois achava que esta era superior a qualquer outra; Israelenses e Palestinos et al querem território, e acreditam que em nome disto podem lançar mão de qualquer ato. A mesma intolerância que marcou o holocausto, é a viga mestra dos conflitos no Oriente Médio.
A consideração pela humanidade do outro, implica em aceitarmos a diferença que nele reside; e aceitar a diferença não significa ignorar, pois se cada um persiste em manter seu irredutível círculo de "absolutos", a diferença nunca será vencida e o fim será a guerra.
E quando ela acontece, Deus é chamado para legitimar o conflito que ocorre unicamente em função da intolerância. Dá-se o nome de santa a uma guerra que luta apenas pela universalização, seja dos valores, da cultura, do consumo ou da própria crença. Uma guerra na qual ser compreensivo e aceitar o diálogo, a despeito das discordâncias ou antagonismos, é algo que chega a parecer surreal...